Pesquisadores eliminam completamente o HIV do organismo de ratos
Resumo da notícia
- Cientistas usaram duas técnicas que, quando aliadas, conseguiram eliminar o vírus do HIV do corpo de ratinhos de laboratório
- Separadamente, no entanto, as duas técnicas não surtiram efeito
- O próximo passo é fazer o teste dos mesmos componentes em primatas, para que então o medicamento possa ser testado em humanos
Desde que foi descoberto, o vírus HIV tem movimentado milhares de médicos e cientistas ao redor do mundo para encontrar um método que o cure. Um estudo realizado nos Estados Unidos e publicado neste mês pode ter chegado perto da resolução deste mistério. Trata-se de uma combinação de técnicas de alteração genética com o tratamento antirretroviral (TARV).
Esse conjunto de procedimentos, envolvidos, conseguiu eliminar totalmente o vírus do organismo de cinco dos 13 ratos hospedeiros.
Para isso, foi usada a tecnologia de edição genética CRISPR-Cas9, que, teoricamente, consegue encontrar o vírus escondido dentro do organismo. De uma forma mais didática, o HIV tem a capacidade de se proliferar no corpo humano e se esconder dentro de genomas e 'reservatórios virais', pronto para emergir a qualquer momento.
Atualmente, são usadas drogas TARV para o controle da infecção que, sozinhas, conseguem suprimir a sua reprodução, mas não eliminá-la de uma vez.
Como foi feito o estudo?
- Para atender melhor a necessidade de uma estratégia terapêutica adequada, pesquisadores da Universidade de Nebraska, em parceria com a Universidade Temple, criaram o 'Laser Art' (Longa Duração e Lenta Efetividade, em português), remédio antirretroviral modificado para penetrar lentamente os reservatórios virais, mantendo uma alta concentração da droga no corpo e acompanhando o ciclo do HIV;
- Em paralelo, foi desenvolvida a tecnologia CRISPR-Cas9, de edição de genes, que é capaz de eliminar fragmentos do DNA pró-viral no genoma do hospedeiro;
- Um tratamento, no entanto, não se mostrou efetivo sem o outro --e quando usados juntamente, conseguiram curar a infecção nos ratos;
- Para ter a certeza de que o vírus havia sido eliminado de uma vez, os cientistas inseriram células imunológicas dos ratos curados em animais saudáveis, não detectando qualquer sinal do vírus;
- De acordo com o mentor do projeto, Dr. Kamel Khalili, ainda há muito a ser feito para que os testes cheguem nos humanos. Desta maneira, o próximo passo é usar primatas e, dentro de um ano, pacientes humanos.
Por que esse estudo é importante?
De acordo com a UNAIDS, programa das Nações Unidas em combate à AIDS, mais de 36.7 milhões de pessoas no mundo são infectadas com o vírus HIV-1. Além disso, mais de 5 mil o contraem diariamente.
Apesar de importante, a terapia antirretroviral não é efetiva. Ela apenas restringe a infecção viral, interrompendo etapas do seu ciclo de vida, mas não eliminando as diversas cópias proliferadas no genoma do hospedeiro.
Além disso, esse tratamento também conta com diversos efeitos colaterais, como náusea, diarreia, reações alérgicas, alterações hematológicas e renais, entre outras.
Se essa nova técnica se demonstrar efetiva no corpo humano, a TARV não precisará mais ser usada, dando conforto aos pacientes no caminho para a cura.
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